sábado, 9 de março de 2013

Mont Elgon Mission: missão dentro da missão...

Tive a oportunidade de participar de uma viagem missionária com estudantes da Medical School University of the Nairobi (uma das C.U Christian Union que trabalhei) e Moi University (Eldoret). Todas atividades nessa viagem foram organizadas e realizadas pelos estudantes, também teve apoio de alguns profissionais e estagiários do Focus Kenya.

A região
O local é bastante montanhoso (um pouco óbvio!) e o Mont Elgon em si fica em Uganda! Só ficamos na parte queniana em vilarejos da cidade de Bungoma – um “munícipio” bem diferente de Nairobi. A principal atividade econômica é agricultura. Lá o grupo de cerca de 80 pessoas se dividiu em 5 vilarejos. Eu fiquei em Chesikaki, o mais próximo da estrada principal e do centro da cidade. Nesse local, pude encontrar um bom número de moradores que, se não falavam, entendiam o inglês. Nos vilarejos, a língua materna é mais usada, sendo o kiswahili usado para se comunicar entre grupos e estrangeiros.
De modo geral, nessa região vivem 3 grupos étnicos Sabaots (grupo nilótico) e Bukusu (Grupo Bantu) e um terceiro grupo Luya. Parece que não foi sempre assim, os Sabaots foram trazidos para viver lá e quando foi construído um parque nacional. Em suma, grupos étnicos bem diferentes sendo obrigados a viver juntos em favor do discurso desenvolvimentista mascarado pelo discurso ambientalista... Um lamentaveç resultado dessa ação foi visto em 2007...

Rotina da missão
Chegamos lá no sábado a noite (17/11/2012 - talvez tenha chegado no dia 18...) e saímos bem cedo no domingo (25/11/2012). A viagem foi longa... mais de 12 horas no busão. Todos do grupo Chesikaki ficamos hospedados na casa do pastor George - ele não falavam em inglês, mas percebi em sua atitude e olhar muita doçura e  fidelidade a Jesus.
O dia começava cedo com a participação do grupo na reunião de oração na igreja do pastor Robert um dos 5 pastores que apoiavam a missão das 5:30 a.m ate mais de 7:00 a.m. Também durante a manhã, o nosso grupo se dividia em duplas (Lc 10:1) e iamos de porta em porta. Em cada casa, compartilhavamos o nosso testemunho, liamos a bíblia, oravamos, convidamos a pessoa a aceitar a Jesus e informavamos sobre nossas atividades. O grupo se reunia novamente para almoço e quando necessário tinhamos uma breve reunião para acertar detalhes da programação da tarde e noite. As cruzadas - cultos evangelísticos feito em local público - começavam em torna das 14:30 terminava por voltas das 18h. Já os revivals (avivamento) acontecia entre as 19h e 21h (os horários não são muito fixos) numa igreja diferente, o objetivo era reunir cristãos das igrejas da região. [O curioso é que no vilarejo com cerca de 3000 pessoas tem 15 diferentes igrejas evangélicas, acho que não em muito diferente em alguns locais do Brasil.] Terminávamos o dia com a janta, seguida de uma reunião de avaliação. Todos os integrantes compartilhavam em detalhes sua experiência no door to door, cruzade e revival, oravamos e iamos dormir (ou joga conversar fora :)

Além dessas atividades, passamos uma manhã em uma escola de ensino médio, tirando dúvidas dos adolescente sobre carreira, “vestibular” (aqui é parecido com o enem), namoro é fé. Pra mim, eles perguntaram como era o Brasil, fé, futebol e o que eles chamavam de “convivência de raças diferentes”. Uma outra atividade foi um acampamento médico realizado no sábado dia 24/11/12. Os estudantes de medicina e odontologia, principalmente, do último e penúltimo ano, fizeram atendimentos médicos básicos, distribuíram remédios e produtos de higiene pessoal. Em cada vilarejo, foram distribuídos roupas e sapatos.
Aprendi mais palavras e canções em Kiswahili. Uma das situações curiosas foi quando “preguei” (20 minutos) para um grupo que esperava o atendimento médico. Fazia algum esforço duplo: superar a timidez e para falar em inglês! Um rapaz traduzia a minha fala para o kiswahili e um outro para língua falada pelos Saboat. Pra mim naquele momento, tinha umas 5 línguas: o português (só na minha cabeça) , inglês, kiswahili, kisaboat e as linguas estranhas. Fiquei maravilhada com tantas idiomas! Por aqui, a relação com varios idiomas ao mesmo tempo é algo relativamente comum... Por outro lado, durante toda a missão, ouvir e falar inglês era entrar na minha zona de conforto.  Sem dúvida, meu inglês melhorou bastante lá. Precisava comunicar em inglês o tempo. Acordava as 5:15 com amiga dizendo, Fábi é hora de acordar e terminava o dia com um good nigth la pelas 24h.
 

Chesikaki group
Foi muito bom conviver com toda essa galera por uma semana. Eles foram bastante atenciosos, me ajudavam traduzindo músicas e conversas. Volta e meia quando a conversa ficava muito no kiswahili, alguém dizia pessoal, em inglês por favor! Alguém se aproximava e traduzia o que tinha sido dito antes. Depois, ficou muito mais divertido e íntima as conversas quando encontrava-os na atividades da C.U (GB)

Chesikaki's group
Medical School Nairobi: Vitor (dady - os presidentes de GB e nucleo são carinhosamente chamados de dady or mom), Kimutai (vice-dady), Karen (mom), Susan (C.U mon), Amy, Harriet (Kekena), Nobert, Martin, John o grande evangelista.

Moi University: Naftali, Rachel, Josephine, Peter, Karani (ouvir a história de vida dele é incrível foi bastante encorajodara pra mim! )

Crianças: sunday school kwa muzungo(escola dominical com um gringo)!
No local das cruzadas, um grande numero de crianças se agrupavam, de maneira, que o grupo decidiu por fazer escolinha dominical paralela. Acabei me envolvendo nessa atividade primeiro porque gosto de crianças, segundo não precisa falar a mesma língua pra estar com elas, terceiro é que elas estava toda hora perto de mim. Naquele vilarejo, claramente era muzungo (palavra em kiswahili pra branco); em todos lugares que ia e passava as pessoas me olhavam com curiosidade. Alguns adultos dava uma disfarçadinha, já as crianças fitavam os olhos em mim de um jeito que percebia que cada movimento que fazia ou não, estava sendo observada por alguém o tempo todo. Logo, isso se tornou brincadeira ao ponto de eu não conseguia a prestar atenção no culto e também atrapalhavam quem queria ouvir. Daí, me juntei aos outros professores na sunday school.
Umas das coisas mais divertidas era tirar fotos das crianças (ganhei uma maquina digital antes de viajar, hehe) e mostra-las. Infelizmente, não conseguia entender tudo que elas comentavam, compreendia uma ou outra palavra e o contexto mais a linguagem corporal falavam o resto. O certo é que elas ficavam tão admiradas e riam quando conseguia identificar um amigo ou parente na foto. Um dia, dois meninos pegaram um relógio quebrado e fingiram que isso era uma máquina fotográfica. Daí, eles começaram a me imitar tirando foto... ele fazia os mesmo gestos que eu e depois vinha me mostrar as fotos que tirei, rsrs

Pronto pra compartilhar a razão da sua esperança?
Confesso que no começo fiquei um pouco incomodada. Primeiramente, fui totalmente sem saber o que faria e como seriam as coisas e só tinha visto 2 pessoa do grupo antes. Mas meu principal incomodo foi com o estilo que era feita a missão... convite pra aceitar Jesus não é muito estilo, fazia mais o “estilinho” missão integral, ter um estilo de vida missionário, contextualização, desenvolvimento de trabalho social etc..
Durante a viagem mesmo quando senti os primeiros incômodos, decidi a me dedicar a estudar passagens bíblicas sobre missão. Também nessa época estava estudando o livro de Atos e percebi que o quanto os apóstolos se envolveram em atividades de pregação para multidões e autoridades. Acredito que eles desenvolveram um estilo de vida cristã que por si só já envolve missão e também faziam viagens missionárias pontuais. Realmente pela graça de Deus, me dei conta do quão grande foi meu preconceito e percebi que o grupo estava fazendo missão integral.
Daí, um versículo ficou martelando em minha cabeça durante aqueles dias e até hoje.
Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em voz (I Pe 3: 15b – vale a pena ler apartir de 3:8). Lá fui desafiada o tempo todo a compartilhar as razões da minha esperança. Lembro claramente de um menino na escola me perguntou porque eu tinha saído de tão longe pra aquele lugar. Também lembro de um outro pessoa que me ouvia tão atentamente...
Prossigo me examinando, estudando e orando pra que esteja pronta, mesmo assim, não me sinto assim tão preparada. O que me deixa tranquila é a certeza que o Senhor é gracioso e me usa com as minhas imperfeições. Espero que aquelas crianças, jovens e adultos que resolveram prestar atenção no que um muzungo (estrangeira) e outros jovens tinham pra dizer e fazer, crescam na fé e no amor dEle!

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